quarta-feira, 29 de junho de 2011

Falar "Monchiquês"

"Andar d'arrôje"

Significado:
- Andar arrojando no chao, roçando no chao.

Exemplo:
- "Ah marau levas um porro que andas d'arrôje"


"Botar"

Significado:
- Meter, pôr;

Exemplo:
- " Zé Manel avia-te que eu vou botar o jantar o fogo."


"agasturas"

Significado:
- Mal disposto, almariado;

Exemplo:
- "Haim tou ca com umas agasturas, devo ter comido alguma coisa estragada"

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Lenda da louca e do dia de S. João

Neste dia (23 de Junho) é comemorado o dia de S. João. Aqui fica uma lenda "monchiqueira" alusiva à data.

Lenda da louca e do dia de S. João:

Uma senhora de nome Josefa tinha uma quinta no concelho de Monchique, onde trabalhavam dois quinteiros cada qual vivendo numa casa: um com mulher e um filho e o outo com mulher e uma filha.

As crianças cresceram e tornaram-se jovens. Ela de seu nome Amélia era bonita, formosa e loura, e ele era o José os dois já com cerca de dezasseis anos.

Numa noite de São João, houve um baile e ela foi dançar com o rapaz. Foi amor à primeira vista.

- “Boa noite ó menina, vamos bailhar?”

- “Sim vamos.”

Dançaram a noite inteira os dois, e era vê-los a partir desse dia a falar sempre que possível, mais às escondidas, porque o pai do José não queria o namoro. Mas, passado um ano o pai do José veio a falecer, no dia de São João um ano após o dia do baile.

Como havia muito trabalho no campo e a mãe do José não conseguia dar conta das tarefas que eram muito pesadas, e o José ainda era novo, a dona Josefa, Dona da quinta, resolveu fazer uma proposta.

- “Como vocês ficaram sozinhos venham com a gente para a nossa casa na vila de Monchique e eu cá pago os estudos do moço pequeno para ele dar umas missas e ser um bom padreco. Queres melher?”

- “ti sabes que sim, eu cá fico má descansada e desanuviada com esse jeitinho que vossemecê faz-me a mim”.

A mãe do José ficou muito contente e tratou de arrumar os seus pertences para se mudar. Mas quem não gostou nada e não ficou nada feliz foi o José, que entristecido, foi logo contar à sua amada.

- “Minha Mélinha do coração vou-me morar p’outa casa e vou-me aprender pó seminário, é a vontade da minha mãe e da dona Josefa. Fica acalmada mia Melinha quê cá nunca te vou desquecer, e quando já tiver alguns estudos vou-te para te buscar pá gente se casar. Dés há-de perdoar a gente.

- “Sim mê Zé eu cá te espero.”

Amélia e José foram-se escrevendo às escondidas sem ninguém saber, com promessas de amor e felicidade. Mas o tempo foi passando e ele tinha que estudar até que começou a ficar cheio de dúvidas, se ia para o sacerdócio ou casava. Sofria, sofria em silêncio sem contar nada a ninguém e já escrevendo menos cartas à sua amada embora com grandes saudades.

Ela estava cada vez mais apaixonada e com muitas saudades por esperar por ele tanto tempo.

Um dia ele escreveu uma carta à Amélia em que lhe contava toda a verdade, ao mesmo tempo que lhe jurava amor eterno. No entanto passado alguns meses consagrou-se padre.

Assim que ela recebeu a carta começou a vaguear pelos campos como uma louca.

Passados alguns anos veio um padre para Monchique exercer o sacerdócio. Ele vivia sozinho e muito triste com o seu amigo e fiel cão. Nesse ano, no dia de São João vieram chamar o padre para ir fazer um velório.

- “Padre Zé tem mingua de fazer um velório a uma melher que morreu de desgosto d’amor.”

- “Sim vou-me. Ma diga lá morreu desgosto d’amor? Sará caso?”

Quando o sacerdote chegou ao local e viu que era a sua amada não queria acreditar no que estava a ver.

- “Padre Zé, veja lá cá melher tem algebêra uma carta que guarda na trouxa há muitos anos.”

- Atã dexe cá ver.

Ao ver a carta que tinha escrito ficou muito triste, tão triste que faleceu de repente junto da sepultura da sua amada com o seu fiel amigo cão.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O dia da espiga

 A tradição diz que de manhã bem cedo, se possível antes do sol nascer, vai-se ao campo apanhar a espiga e outras flores campestres. E assim se faz um ramo que pode ter: espigas de trigo, cevada, centeio, aveia, ramo de oliveira, malmequer, papoilas, rosas, margaridas, pampilhos, alecrim, rosmaninho, e em algumas terras ramos de videira. No ramo, as espigas e as outras flores são sempre em número ímpar:  um, três ou cinco de cada qualidade.
  
 
Cada uma das flores tem um significado ou um desejo até ao próximo ano:

- Espiga: que haja pão, ou seja que não falte comida no lar,

- Ramo da oliveira: que haja paz e luz porque a oliveira produz a azeitona que se transforma em azeite para a iluminação das lamparinas,

-Videira: que haja uvas e vinho,

- Outras flores: que haja alegria,
Cada cor também tem significado: os malmequeres são riqueza, se forem amarelos é ouro, se forem brancos é prata; a papoila vermelha é o sangue de Jesus significa amor e vida, o alecrim e o rosmaninho saúde e força.
Guarda-se o ramo de um ano para o outro, se possível por detrás da porta da entrada da casa, e só é retirado no ano seguinte para ser substituído por um novo.

domingo, 5 de junho de 2011

Os Plátanos



Especie monóica de folha caduca,folhas alternas,com pecíolos grossos,sendo as
flores unissexuais.

Está situado no Barranco dos Pisões a cerca de 3 km Norte da vila de Monchique.É uma árvore de grande porte que ultrapassa os 35m de altura.






Vulgarmente utilizado como ornamento em parques, jardins e avenidas, também este plátano foi aproveitado como ornamento do parque de merendas que aqui se encontra.








Esta árvore centenária
foi classificada como sendo de interesse público em 08-05-1947.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Falar "Monchiquês"

"Gudana"
Significado:
- Muito trabalho para fazer;

Exemplo:
- "Tenho tanta gudana para fazer hoje e tão pouco tempo, ai a minha vida"



"Aquela corda
"
Significado:
- aquele sitio, aquela zona;

Exemplo:
- "Aquela corda ali pra diante é tudo boa gente"



"Fregir"
Significado:
- Fritar;
Exemplo:
- "Ai tenho que ir fregir os piques que o meu Manel está quase a chegar"